por Abia

Frutas, legumes, verduras e informação são prioridades em proposta de Pirâmide dos Alimentos

São Paulo, 20 de junho de 2024. Nos anos 1990 recomendava-se que a base da pirâmide alimentar deveria priorizar o consumo de carboidratos, como os cereais. No entanto, de lá para cá, muita coisa mudou, e a ingestão do grupo das frutas, legumes e verduras (FLV) passou a figurar como protagonista para uma alimentação mais equilibrada e protetora contra as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Além disso, a forma como a informação chega ao público é primordial para derrubar mitos, esclarecer dúvidas e facilitar a adesão a um comportamento alimentar mais saudável, segundo a visão de especialistas em nutrição, como a Professora Dra da USP Sônia Tucunduva Philippi, que apresentou, em um evento promovido pela ABIA nesta segunda-feira (17/6), a quarta edição do seu livro “Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição”.

Metaverso da Pirâmide dos Alimentos

A publicação se baseia em evidências científicas, nas mudanças no estilo de vida, no agravamento da insegurança alimentar e na sustentabilidade, apresentando propostas disruptivas ao transportar para o prato de comida recomendações nutricionais atualizadas para uma dieta saudável de acordo com as novas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dra Sônia destaca outras novidades da releitura do infográfico. “Além das FLV, que passam para a base, trouxemos para dentro da pirâmide o importante papel da realização de atividade física regular, o consumo de PANC’s (plantas alimentícias não convencionais), temperos e a hidratação. Outro destaque foi a inclusão de conceitos de sustentabilidade, que abordam a cultura alimentar por meio do consumo de alimentos locais e sazonais, o que favorece a preservação da biodiversidade e reduz o custo da alimentação”.

A pesquisadora reforça que a opção de manter o infográfico da pirâmide ajuda as pessoas a entenderem como os alimentos apresentados em porções, com informação de medidas e gramas, são importantes no momento de montar um prato. Contribui para o entendimento do papel de cada alimento e preparação culinária no dia a dia alimentar.

Essa representação visual contribui para o que a especialista chama de letramento alimentar, definido como a interconectividade de um indivíduo com a alimentação, saúde e ambiente. “Uma grande parte da população tem dificuldade em compreender conceitos de dieta e ler informações nos rótulos. Ainda há muita gente que acha que dieta é uma terminologia restritiva de alimentos, quando, na realidade, significa, na acepção da palavra, um modo de vida saudável”, explica.

A acadêmica ressaltou a importância das parcerias para atingir as metas de desenvolvimento sustentável da ONU. Ela destacou a necessidade da colaboração de todos os setores da sociedade para alcançar essas metas e viabilizar políticas públicas que valorizem a acessibilidade das FLV aos mais necessitados. “Devido ao alto custo desses alimentos, o acesso a eles é frequentemente muito restrito”, alerta.

“Há três verbos que eu gosto muito de citar: capacitar, incluir e empoderar, porque acredito que se fizermos isso, capacitar os indivíduos e a comunidade, incluindo essas pessoas com os conhecimentos já existentes, mas ressignificados, e empoderar, dando voz e autonomia, podemos fazer com que mudem seu comportamento alimentar, objetivando a melhoria da saúde individual e para as futuras gerações", diz.

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