Exportações impulsionam crescimento da indústria de alimentos no 1º semestre de 2024
São Paulo, 7 de agosto de 2024. A indústria de alimentos do Brasil teve um desempenho relevante no primeiro semestre de 2024, com as exportações atingindo US$ 30,7 bilhões, o que representa um crescimento de 8,5% em valor e de 19,1% em volume na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado reflete a forte demanda global por alimentos, impulsionada principalmente pelas vendas para os 22 países da Liga Árabe, que vêm se fortalecendo como principal mercado para os produtos brasileiros. A região comprou US$ 6,2 bilhões, volume 35,1% acima do apurado no primeiro semestre de 2023.
A Pesquisa Conjuntural da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) revelou ainda que, acompanhando o crescimento das vendas reais, o faturamento de janeiro a junho atingiu R$ 586,2 bilhões.
“O Brasil, que sempre se destacou como o celeiro do mundo, passou a ser também o supermercado do mundo. Essa é uma realidade consolidada e reconhecida por 190 países para os quais exportamos nossos alimentos industrializados com segurança e qualidade, respeitando os mais rigorosos padrões internacionais. É uma grande conquista para o setor”, celebra o presidente executivo da ABIA, João Dornellas.
No mercado interno, que representou 73% das vendas do setor no período, o desempenho também foi positivo, puxado principalmente pelo canal food service, que apresentou um crescimento nominal de 10,3%. "O food service continua a se recuperar depois do impacto da pandemia, influenciado pela ampliação do emprego e da renda no país. Essa tendência é um indicativo de que o mercado interno está se fortalecendo e se diversificando", destaca Dornellas.
O varejo alimentar também apresentou bons resultados, com um crescimento de 8,2% em termos nominais. A estabilidade dos preços dos alimentos industrializados e a crescente integração entre os canais físicos e digitais foram fatores importantes para esse desempenho. "A estabilidade dos preços e a maior acessibilidade dos produtos, tanto em lojas físicas quanto em plataformas online, têm sido fundamentais para manter a competitividade e promover maior acesso dos consumidores à comida".
Setor é responsável pela ocupação de 10% das pessoas economicamente ativas no Brasil
A indústria de alimentos continua sendo o setor com o maior número de pessoas ocupadas na indústria brasileira, segundo o IBGE. Em junho de 2024, o número de postos de trabalho formais e diretos no setor atingiu 2,034 milhões, um incremento de 3,9% em comparação com o mesmo mês de 2023. Só nos primeiros seis meses do ano foram criados 30,9 mil novos empregos diretos, além de outros 123 mil indiretos, totalizando mais de 150 mil.
Ao se considerar a soma dos diretos e indiretos gerados na cadeia produtiva de alimentos industrializados, que inclui os setores de agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos, chega-se à impressionante marca de 10,2 milhões, o que equivale a 10,0% do total de pessoas ocupadas no país, de 101,3 milhões (IBGE/PNAD Contínua).
Custos de produção e inflação dos alimentos
Um dos fatores que mais influenciam nos custos de produção, a safra estimada para 2024 deverá ser 6,4% menor que a do ano passado, segundo a Conab, o que vem se confirmando ao longo do semestre. Apesar disso, o alto volume da safra anterior contribui para a melhoria da disponibilidade interna dos grãos e a estabilização dos preços, caso da soja e do milho. As intensas chuvas no Rio Grande do Sul impactaram o preço do arroz, porém não se percebe interferência no abastecimento. Já o café e o cacau, com oferta reduzida no mercado internacional, seguiram com tendência de alta.
Os alimentos produzidos pela indústria contribuíram para frear a inflação dos alimentos no primeiro semestre do ano. Ao se comparar a amplitude de variação dos preços dos in natura e dos industrializados no período, o registro é de um IPCA Alimentos e Bebidas de 13,57% para os primeiros contra uma inflação de 1,28% para os demais.
Projeções para o resto do ano
Para o restante de 2024, as perspectivas permanecem positivas, com expectativas de crescimento econômico tanto no Brasil quanto no cenário global. Diante desse panorama promissor, a ABIA projeta um aumento na produção e nas vendas reais de alimentos industrializados entre 2,5% e 3,0%, com as exportações podendo alcançar entre US$ 65 bilhões e US$ 68 bilhões.
Outro ponto que merece destaque são os investimentos do setor: apenas no primeiro semestre de 2024 foram R$ 21,1 bilhões, destinados à ampliação e modernização de plantas, à construção de novas unidades fabris em todo o Brasil e a Pesquisa & Desenvolvimento.
“Além de ser a maior empregadora, a indústria de alimentos é também uma das maiores investidoras do País. Com a manutenção do crescimento econômico, que estimula a ampliação da produção e dos empregos, poderemos continuar expandindo nossas operações e contribuindo significativamente para alavancar a economia brasileira", conclui Dornellas.
Sobre a ABIA
Criada em 1963, a ABIA é a maior representante da indústria de alimentos no País. Fazem parte da associação empresas produtoras de alimentos, bebidas, tecnologias e ingredientes: indústrias de pequeno, médio e grande portes, presentes em todo o território nacional, brasileiras e multinacionais que, juntas, representam cerca de 80% do setor, em valor de produção. A indústria de alimentos e bebidas é a maior do Brasil: processa 61% de tudo o que é produzido no campo, reúne 41 mil empresas, produz 270 milhões de toneladas de alimentos por ano, gera 2,034 milhões de empregos diretos e representa 10,7% do PIB do País.