ABIA: indústria de alimentos criou 72 mil empregos diretos em 2024 - número de trabalhadores na cadeia produtiva chega a 10,4 milhões; 10,1% do total das pessoas ocupadas no Brasil
São Paulo, 20 de fevereiro de 2025. Em 2024, um em cada dez trabalhadores brasileiros atuava diretamente na indústria de alimentos ou na cadeia de suprimentos ligada ao setor (agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos, serviços de transporte). Foram criados 72 mil novos postos de trabalho formais e diretos, o equivalente a 25% do ofertado na indústria de transformação brasileira. Somando-se aos 288 mil indiretos, foram 360 mil novas vagas.
“Apesar do contexto desafiador para os custos de produção, o desempenho da indústria de alimentos foi positivo. A ampliação da produção de alimentos industrializados contribuiu, de forma importante, para a geração de emprego e renda no país”, afirma João Dornellas, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), comentando os dados do balanço anual do setor.
Outra informação relevante é a participação da agricultura familiar: a indústria de alimentos processou 68% do que foi produzido pelo segmento, com destaque para aves (Santa Catarina), cacau (Bahia), café (Espírito Santo), goiaba (São Paulo), leite (Minas Gerais), mandioca (Pará), suínos (Rio Grande do Sul) etc.
"Somos um importante parceiro da agropecuária brasileira. Compramos grande parte do que o campo produz, transformamos, geramos emprego e agregamos valor aos produtos do agronegócio. Estabelecemos relações de parceria com os produtores rurais, proporcionando previsibilidade na comercialização e na geração de receita. Além disso, a indústria de alimentos presta a esses pequenos produtores suporte técnico e de melhores práticas para o compliance e a sustentabilidade ambiental. Processamos 62% do total da produção de alimentos do campo (agricultura/pecuária)”, explica Dornellas.
Faturamento supera a marca do trilhão pelo terceiro ano consecutivo
Em 2024, o faturamento da indústria de alimentos alcançou R$ 1,277 trilhão, um aumento de 9,98% em relação ao ano anterior em termos nominais, representando 10,8% do PIB do país. Desse total, 72%, ou R$ 918 bilhões, são provenientes do mercado interno e 28% do comércio exterior (US$ 66,3 bilhões).
As vendas reais apresentaram expansão de 6,1% e a produção física cresceu 3,2%, alcançando 283 milhões de toneladas de alimentos. Dornellas lembra que a ampliação do emprego e da renda, segundo a PNAD/IBGE, e, consequentemente, da massa de rendimentos reais, acima de 6% na média do ano de 2024, contribuíram para o aumento do consumo de alimentos no mercado interno.
De uma forma geral, os segmentos que mais cresceram foram o food service (+10,4%) e o varejo alimentar (+8,8%). O desempenho relevante tem a ver também com o aumento dos investimentos das indústrias na ampliação e modernização de plantas fabris, P&D, ações de sustentabilidade, aquisição de máquinas e equipamentos.
A indústria de alimentos investiu quase R$ 40 bilhões em 2024. Deste valor, R$ 24,9 bilhões foram direcionados para inovações e R$ 13,80 bilhões para fusões e aquisições. “A ABIA reafirma o compromisso anunciado pela indústria de investir R$ 120 bilhões no período de 2023 a 2026. Só em 2023 e 2024, a indústria já investiu R$ 74,7 bilhões, mais de 62% do projetado para o período. Com esses investimentos, o setor demonstra a força e a consistência desse movimento, essencial para garantir competitividade e abastecimento nos mercados interno e externo”, destaca Dornellas.
Supermercado do mundo
Desde 2022, o Brasil ocupa a posição de líder mundial na exportação de alimentos industrializados, em volume. No ano passado, foram 80,3 milhões de toneladas, 10,4% acima do apurado em 2023. No acumulado de 2024, a receita com essas vendas alcançou o patamar recorde de US$ 66,3 bilhões, valor 6,6% acima do verificado no ano anterior, de US$ 62,2 bilhões. No período de 4 anos (2020 a 2024), registrou-se crescimento de 72,7% em valor e 29,2% em volume.
Os produtos brasileiros chegaram a mais de 190 países e seus territórios, sendo os principais mercados: Ásia, (38,7% das exportações, destaque para a China, com participação de 14,9%), seguida da Liga Árabe (18,9%) e da União Europeia (12,6%). Os itens que lideram a lista são proteínas animais (carnes), com US$ 26,2 bilhões; produtos do açúcar, com US$ 18,9 bilhões; produtos de soja, com US$ 10,7 bilhões; óleos e gorduras, com US$ 2,3 bilhões; sucos e preparações vegetais, com US$ 3,7 bilhões.
O resultado pode ser explicado por diversos fatores, entre eles o crescimento da economia mundial no patamar de 3%, combinado com a redução gradual da inflação e dos juros, que contribuíram para o aumento da demanda global por alimentos, estimulando as exportações brasileiras de industrializados. Essas exportações representaram 19,7% do total exportado pelo país.
“Importante ressaltar a abertura de novos mercados, por meio da ampliação de acordos sanitários, somados aos investimentos realizados pela indústria de alimentos em padrões de qualidade, a exemplo da certificação Halal (para os países árabes), rastreabilidade na cadeia produtiva e certificações ambientais”, reforça Dornellas.
Outro marco foi a ampliação da presença brasileira em mercados estratégicos por meio de uma rede de adidos agrícolas. Com a criação de 11 novos postos, o Brasil passará a contar com 40 novos representantes, um aumento de 38% em relação à estrutura anterior. Essa expansão fortalece a atuação do país nas negociações internacionais e na promoção das exportações do setor.
Custo de produção dos alimentos industrializados
Ao longo de 2024, a indústria de alimentos enfrentou um aumento significativo nos custos de produção, impulsionado pela alta nos preços das commodities agrícolas, das embalagens e das energias. A desvalorização do Real intensificou esse movimento, especialmente no segundo semestre. Além disso, eventos climáticos adversos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e estiagens prolongadas no Centro-Oeste, Sudeste e Norte, reduziram a safra de grãos e impactaram a qualidade das pastagens, pressionando os preços de matérias-primas essenciais, como soja, milho, trigo, leite e carne.
Outros fatores, como a elevação do imposto de importação sobre resinas plásticas e os reajustes no custo da energia elétrica (+10%), diesel (+7%) e gás natural (+6%), também aumentaram a pressão sobre a indústria.
Apesar do cenário desafiador, foi possível, devido aos investimentos feitos pela indústria de alimentos ao longo dos anos, minimizar o impacto para o consumidor. O custo médio de produção de alimentos industrializados subiu 9,3%, enquanto a inflação de alimentos industrializados medida pelo IPCA-IBGE foi de 7,7%.
“Em um ano marcado por desafios econômicos e climáticos, a indústria mostrou resiliência, confirmou seu papel essencial na promoção da segurança alimentar e manteve o abastecimento e a competitividade dos produtos”, destaca o presidente executivo da ABIA.
Sobre a ABIA
Criada em 1963, a ABIA é a maior representante da indústria de alimentos no País. Fazem parte da associação empresas produtoras de alimentos, bebidas, tecnologias e ingredientes: indústrias de pequeno, médio e grande portes, presentes em todo o território nacional, brasileiras e multinacionais que, juntas, representam cerca de 80% do setor, em valor de produção. A indústria de alimentos e bebidas é a maior do Brasil: processa 62% de tudo o que é produzido no campo, reúne 41 mil empresas, produz 283 milhões de toneladas de alimentos por ano, gera 2,075 milhões de empregos diretos e representa 10,8% do PIB do País.