por Abia

Cadeia nacional de abastecimento elege principais desafios e soluções em ESG

1º Fórum da Cadeia Nacional reuniu 3 ministros, lideranças setoriais e empresários. Tema da ABIA, o best-before, foi eleito um dos destaques do evento.

Em busca de uma agenda moderna e sustentável, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) reuniu, na última quinta-feira (17), ministros, lideranças da cadeia de abastecimento e do mercado de capitais no 1º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento para um amplo debate. O objetivo do evento, que aconteceu virtualmente, foi discutir soluções de impacto econômico, social, ambiental e de governança, abordagem conhecida como ESG (Environmental, Social and Governance).

Dividido em seis painéis, o evento foi mais do que apenas um simples congresso expositivo. “O fórum teve um formato inovador e seus resultados serão publicadas com as assinaturas da ABRAS, KPMG,   Programa Mundial de Alimentos do Centro de Excelência Contra a Fome Brasil (WFP) e do Pacto Global da ONU no Brasil. Este relatório posteriormente será objeto de estudo e trabalho em duas reuniões que acontecerão nos dias 21 de outubro de 2021 e 24 de março de 2022. O objetivo é a formação de coalizões integrais, parciais ou individuais entre todos setores participantes, para geração concreta de impacto econômico, social e ambiental,” afirma João Galassi, presidente da ABRAS.

Desafios finais eleitos

Entre todos os temas debatidos multilateralmente, cinco se destacaram como grandes desafios a serem superados pela cadeia nacional de abastecimento, de acordo com votação dos participantes do fórum.

A redução de custos e reforma tributária

O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com capacidade até para mandar para fora do país o excedente da produção que não é consumida pelo mercado interno. Mas os custos da produção ainda sofrem com o peso considerável dos impostos.

Entre os participantes do 1º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, a opinião é de que apenas uma ampla reforma tributária seria capaz de solucionar o problema. O ministro da Economia, Paulo Guedes, abordou o tema ao falar na necessidade da desoneração da mão de obra para um setor que representa 5% do PIB e gera 5,5 mi empregos diretos.

Segundo Guedes, a consequência da alta tributação aparece na mesa dos brasileiros. Em média, o Brasil paga 23% de carga tributária sobre os alimentos, o que encarece a cesta básica.

“É preciso que o alimento seja visto como algo essencial, inclusive do ponto de vista tributário”, avalia João Dornellas, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, ABIA, que também participou do fórum.

Consumo consciente e economia circular

O consumidor brasileiro quer cada vez mais saber de onde vem os produtos que consome, como foram feitos, e se os fabricantes e produtores levam em conta o respeito ao meio ambiente. Essa mudança de comportamento entrou no radar do 1º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, no qual o conceito de Economia Circular foi um dos destaques.

E o Brasil tem exemplos para exibir. Atualmente 97% das latas de alumínio que circulam no país são recicladas. Ela vai como produto e volta a fazer parte da cadeia produtiva como resultado da reutilização. Para Cátilo Cândido, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abraslata), “a cada passo que a lata dá ela gera renda, tributo e oportunidades para milhões de pessoas. Temos que avançar no debate entre os setores e trazer o poder público para que a gente possa evoluir”.

Desperdício de alimentos - conectar o mapa da fome com mapa do desperdício

O ministro da Fazenda Paulo Guedes defendeu medidas para o fortalecimento da economia e destacou a necessidade de acabar com o desperdício de alimentos no Brasil.  “Não pode ser o celeiro do mundo um país onde há fome", afirmou Guedes.

Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), também destacou o combate ao desperdício no país como tema relevante. "Somos meio perdulários, jogamos fora 1/3 do que produzimos no país, desde a produção até chegar à mesa".

Fome e adoção do best before

Já adotado em países como Portugal, Reino Unido, Alemanha, Canadá, França e Noruega, o conceito de Best Before, se implantado no Brasil, pode trazer redução considerável nas perdas de alimentos no varejo, questão fundamental diante do agravamento da fome no país durante a pandemia.

O conceito foi explanado pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), João Dornellas. Segundo ele, no Brasil, se passou da data de vencimento, o alimento não pode mais ser comercializado nem consumido. O que pode fazer com que muita comida, ainda em condições adequadas e seguras para o consumo, vá para o lixo.

“O Best Before é um conceito regulatório que indica um período mínimo em que um produto mantém seu sabor e seu valor nutricional, se armazenado de forma adequada e com a embalagem fechada. No entanto, se essa data passar, não significa que o produto não esteja mais adequado e seguro para o consumo.”, explica Dornellas.

Importante salientar que esse conceito não se aplica a todas as categorias de alimentos, como as altamente perecíveis: carnes in natura, leite pasteurizado, queijos frescos, por exemplo. Já os produtos “shelf stable”, ou seja, aqueles estáveis em temperatura ambiente, como biscoitos, macarrão, maionese, grãos, enlatados, leite UHT, que possuem atividade de água baixa, passam por processo de produção de esterilização e são embalados a vácuo, poderiam utilizar o conceito “Best Before”.

Conhecimento - informação, treinamento e capacitação

Conhecimento compartilhado, informação, treinamento e capacitação também estiveram no centro dos debates do evento. Durante a maior parte dos painéis, a questão da diversidade e inclusão nos atuais quadros foram considerados essenciais para a manutenção e evolução dos negócios com foco no ESG.

Alysson Paolinelli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), ressaltou o papel das novas tecnologias e abordou a evolução do Brasil em termos agrícolas  nos últimos 50 anos. “O Brasil é hoje a marca da capacidade de termos a segurança alimentar no mundo. Nós seremos capazes de resolver o problema de 2050 quando tivermos uma população mundial de 10 bilhões de pessoas”, afirmou Paolinelli.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR), Victor Bicca, a busca pela diversidade, treinamento e capacitação são fundamentais. “Sem colaboração não tem ESG e nenhum negócio é feito sem pessoas”.

Painel 1

A dimensão e importância da Cadeia Nacional de Abastecimento
Painelistas:
Teresa Cristina – Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil
Paulo Guedes – Ministro da Economia do Brasil
João Roma – Ministro da Cidadania
Augusto Pestana – Presidente da Apex Brasil
Daniel Balaban – Diretor do Programa Mundial de Alimentos do Centro de Excelência Contra a Fome Brasil (WFP)

Painel 2  

A origem, significado e importância do ESG
Painelistas:
Sonia Consiglio Favaretto – SDG Pionner pelo Pacto Global da ONU
Gilson Finkelsztain – CEO B3
Nelmara Arbex - Líder de SG da KPMG 
Amaury Oliva – Diretor de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Febraban

Painel 3 

Impacto social e ambiental
Painelistas:
Maria Eugênia Buosi - Sócia Fundadora Resultante
Hugo Bethlem – Chairman Capitalismo Consciente Brasil
Giovanni Harvey – Presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá para Equidade Racial
Rodrigo ‘Kiko’ Afonso – CEO Ação da Cidadania
Grazielle Parenti - VP de Relações Institucionais e Sustentabilidade da BRF
Marcos Kisil – Fundador do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
Francine Lemos – Diretora Executiva Sistema B Brasil

Painel 4

Governança corporativa no contexto ESG
Painelistas:
Valéria Café - Diretora de Vocalização e Influência do IBGC
Fabio Henrique de Sousa Coelho – Presidente-Executivo AMEC -  Associação de Investidores do Mercado de Capitais
Alexandre da Costa Rangel – Diretor da Comissão de Valores Mobiliários - CVM
Sebastian Soares - Sócio-líder de Governança Corporativa da KPMG no Brasil
Antônio Carlos Pipponzi – Presidente do Instituto ACP
Waldir Beira Júnior - Presidente Executivo da Ypê
Jorge Faiçal - CEO GPA

Painel 5 

Cases de sucesso da cadeia de abastecimento
Painelistas:
Arthur Ngai - Gerente de Desenvolvimento de Negócios e Mercado para a América Latina
Flavio Souza – Diretor Comercial de Soluções Energéticas da CPFL
Pedro Massa Conexão - VP e Gerente Geral Brasil da The Coca-Cola Company
Stéphane Engelhard – Vice-presidente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Comunicação do Grupo Carrefour Brasil
Carla Crippa – VP de Relações Corporativas da AMBEV Brasil
Márcio Nappo – diretor de sustentabilidade da JBS

Painel 6

Posicionamento institucional da cadeia de abastecimento para ESG
Painelistas:
Alysson Paolinelli - Presidente Executivo da Abramilho
Eduardo Daher - Diretor-executivo da ABAG - Associação Brasileira do Agronegócio
Alberto Yoshida - Presidente da ANDAV - Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários
Christian Lohbauer - Presidente da CropLife (agrícola sustentável: germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos
Ricardo Santin - Presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal)
João Dornellas - Presidente executivo da ABIA - Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação
Victor Bicca - Presidente da ABIR - Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas
João Carlos Basílio - Presidente executivo da ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
Juliana Durazzo Marra - Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de uso Doméstico e  Profissional*
Marcos Barros - Presidente do Conselho da ABRE - Associação Brasileira de Embalagens
Cátilo Cândido - Presidente Executivo da ABRASLATA - Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio
Pedro Francisco Moreira - Presidente da ABRALOG - Associação Brasileira de Logística
Leonardo Miguel Severini - Presidente da ABAD - Associação Brasileira de Atacadistas e distribuidoras de produtos industrializados
João Galassi - Presidente da ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados

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