ABIA e indústrias de alimentos discutem mudanças no comportamento do consumidor pós-Covid-19
Webinar Food Connection contou com representantes de companhias como Cargill, Nielsen, Nestlé, MasterSense e Nexira
O consumidor já não é, de fato, o mesmo depois da pandemia da Covid-19. Essa é uma das conclusões do webinar Food Connection, evento promovido pela Informa Markets na última sexta-feira (08/05). O debate foi intermediado por João Dornellas, presidente executivo da ABIA, e contou com as participações de Cristina Faganello, líder de Food Industry da Cargill, Daniela Toledo, líder da Indústria de Alimentos da Nielsen, Diego Venturelli, da área de Marketing Strategy & Consumer Insights da Nestlé, Gustavo Rodrigues, diretor Executivo da MasterSense e Suzan Nessaif, diretora de Vendas para a América do Sul da Nexira.
“A produção de alimentos, sobretudo no momento que atravessamos, é essencial. Hoje, a indústria de alimentos é a maior do País, representando 9,6% do PIB do Brasil, processando 58% de tudo o que é produzido no campo e reunindo mais de 36 mil indústrias. Além disso, 80% do que é produzido na indústria de alimentos é voltado ao abastecimento do mercado interno. Pelo desempenho do setor durante a pandemia, podemos dizer que a questão do abastecimento não é um problema no Brasil, atualmente”, explica Dornellas.
A Nielsen, por sua vez, segundo Daniela Toledo, tem medido semanalmente o comportamento do consumidor através de uma pesquisa que revelou que o varejo brasileiro de autosserviço, o atacarejo (Cash&Carry) e farmácias fechou a segunda semana do mês de abril com crescimento de vendas de 12,1% superior ao ano anterior. A empresa tem observado a pandemia em seis passos: compras preventivas; compras relativas à saúde e à prevenção; armazenamento de alimentos; compras de abastecimento; vida restrita e vivendo a nova normalidade. “No Brasil nos encontramos no quinto estágio da pandemia, o da vida restrita, que por sua vez alavancou as compras de alimentos online. Países da Ásia e Europa estão hoje no último estágio, se adaptando ao que chama de ‘novo normal’, para efeito de comparação”, esclarece a executiva.
A Cargill, assim como outras empresas do setor, já tem sentido os impactos do novo coronavírus no mercado. “Até pelo portfólio de itens mais básicos da Cargill, notamos aumento no consumo desses itens. Temos a expectativa de que esse crescimento irá se manter nos próximos meses”, explica Cristina. Já para Diego Venturelli a mudança de hábitos de consumidor pode ser explicada pelo estresse econômico que a crise causou. “Ficar em casa mudou nosso consumo e também os itens que compõem a cesta básica”, diz o executivo da Nestlé.
A Nexira, que produz ingredientes para a indústria de alimentos, notou claramente a diminuição de procura por itens relacionados a comemorações, como confeitos, coberturas e outros característicos de momentos de encontro e confraternizações. Em contrapartida, ingredientes com apelo de fortalecimento da imunidade, como por exemplo a vitamina C, ganhou muita relevância.
A Nestlé também acredita que a pandemia tem consolidado a tendência de o produto não ser enxergado apenas como um item de consumo, mas sim uma experiência – argumento defendido também pela Cargill. As duas empresas criaram canais digitais onde atrelam os seus produtos a receitas para auxiliar o consumidor e agregar valor à marca. Para Gustavo da MasterSense, o novo normal já está mobilizando a indústria. “O cliente vai buscar se relacionar com marcas que entreguem segurança e outras valores para ele no pós-crise”.
O e-commerce chegou para ficar
Foi um consenso entre os participantes que o e-commerce já é uma realidade e a tendência é que sua adesão aumente por parte do consumidor. Para Suzan Nessaif, a adoção do e-commerce fará com que os preços caiam. “Na Nexira temos nos mobilizado com a indústria com o objetivo de reduzir os valores que chegarão ao cliente final”. A Nestlé, por exemplo, já notou um aumento de mais de 80% no movimento de sua loja virtual. A Cargill também admite que a tendência chegou para ficar e acredita que o isolamento fará com que o consumo seja em maior parte virtual.
Por fim, Dornellas levantou a questão da retomada da indústria para os participantes e também foi consenso de que a recuperação será mais rápida do que em outros setores, já que esse é um setor essencial. Faganello, no entanto, fez uma ressalva de que, apesar da indústria estar preparada para a retomada, ela não está 100% preparada para o uso do e-commerce, o que será o grande desafio do setor.
SOBRE A ABIA
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), no cumprimento de sua missão - promover o desenvolvimento sustentável da indústria brasileira de alimentos, por meio do diálogo, ciência e inovação, com respeito ao consumidor e em harmonia com a sociedade - reforça a importância de que suas associadas sigam as recomendações do Ministério da Saúde para a contenção da pandemia de Covid-19, disponíveis em https://coronavirus.saude.gov.br/ e disponibiliza um Guia de Boas Práticas na indústria de alimentos – Covid-19.
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