por Abia

ABIA e associações setoriais debatem os desafios e oportunidades para a retomada econômica do setor

A pandemia da Covid-19 mudou completamente as expectativas e o funcionamento da indústria de alimentos, bebidas, ingredientes e proteína animal. Os desafios e as possíveis oportunidades para a retomada econômica das empresas do setor foram temas do webinar Food Connection, evento promovido pela Informa Markets, organizadora das feiras Fispal, Tecnocarne e Fisa, na última quinta-feira (21/05).

O debate foi mediado por Elizabeth Farina, presidente da Tendências Consultoria, e contou com as participações de João Dornellas, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), Patricia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Alexandre Jobim, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR), Helvio Collino, presidente da Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos (ABIAM) e Ricardo Santin, diretor executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Por ser considerada uma atividade essencial, a produção de alimentos não parou durante a pandemia. Esse fator, aliado ao Brasil ser o 2º maior exportador de alimentos do mundo, ajudou a não desabastecer o país, segundo Dornellas. “Vencemos o primeiro desafio: não faltaram alimentos e não existe nenhuma perspectiva a curto prazo de desabastecimento. Os próximos desafios passam pelas mudanças de comportamento do consumidor e dos grandes produtores de alimentos, como é o caso do Brasil. Os hábitos de higiene do consumidor já mudaram, como o uso de máscaras no dia a dia. No caso dos produtores de alimentos, em termos globais, todos os países terão que repensar os sistemas sanitários. Na China, por exemplo, já foi proibido o consumo de animais silvestres em algumas províncias”.

Para Elizabeth Farina, a pandemia é o grande desafio do século, no entanto o momento pode ser usado para encontrar oportunidades. “Como sempre, o agronegócio e a indústria de alimentos e bebidas passaram a ser as fontes de boas notícias no Brasil. Não tivemos nenhum problema em termos e abastecimento para a população. Além disso, 56% das nossas importações são do agronegócio. Esse cenário pode ser uma oportunidade de retomar o crescimento do setor”, completa a mediadora.

A retomada deverá ser um processo longo e gradual. Patricia Ellen defendeu que a sociedade deve estar preparada para uma jornada de dois anos até a retomada econômica. “Não estamos falando de um processo de um só mês. Temos que trabalhar juntos. A cadeia de alimentos é privilegiada nesse sentido, já que foi considerada uma atividade essencial. Outros setores foram muito mais prejudicados, mas ainda há trabalho a fazer”.

Também membro do Governo do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira alerta que após a pandemia, lidaremos com um grande problema: a desigualdade social. “Irá se criar, de fato, um abismo entre

quem pode consumir e ter um estilo de vida mais flexível e aqueles que não podem por limitações sociais. O agronegócio e a indústria de alimentos terão que se adaptar a essa realidade”.

Helvio Collino acredita que a indústria de ingredientes e aditivos para alimentos se manteve estável com bons níveis de funcionamento. No entanto, o presidente da ABIAM fez a ressalva de que o segmento de food service sofreu um impacto negativo muito grande.

Apesar do setor de bebidas não ter sido tão impactado quanto outros segmentos da economia, Alexandre Jobim, ressaltou que houve uma retração. “O fato do setor de bebidas continuar ativo, não quer dizer que não tivemos problemas. As fábricas diminuíram a produção, não só por conta da baixa do consumo, mas também para reforçar a segurança dos trabalhadores, que agora atuam em diferentes turnos, evitando aglomerações”.

Na mensagem final, os representantes dos setores privado e público se mostraram otimistas em relação às perspectivas de retomada, ainda que gradual. O evento foi assistido por cerca de 800 pessoas e está disponível no canal da Food Connection.

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