ABIA anuncia resultados do setor em 2020 em coletiva de imprensa

A ABIA realizou, nesta quarta, entrevista coletiva de imprensa na qual anunciou os resultados do setor no ano de 2020. O presidente executivo da entidade, João Dornellas, e a presidente do Conselho Diretor da Associação, Grazielle Parenti, falaram a um grupo de 30 jornalistas sobre um ano muito desafiador, cujos resultados refletiram os esforços do setor para continuar produzindo e garantindo o abastecimento de alimentos no país.

A indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou crescimento de 12,8% em faturamento¹ em relação a 2019, atingindo R$ 789,2 bilhões, somadas exportações e vendas para o mercado interno. Esse resultado representa 10,6% do PIB nacional, segundo pesquisa conjuntural da ABIA. Em 2019, o setor registrou R$ 699,9 bilhões.

Descontada a inflação do período, a indústria de alimentos obteve aumento de 3,3% nas vendas reais ano passado. Na produção física (volume de produção), o setor cresceu 1,8% em relação a 2019. Esse resultado se deveu ao aumento das vendas para o varejo, de 16,2% em 2020, e das vendas para o mercado externo, de 11,4%.

Em relação à geração de empregos, mesmo com o impacto da Covid-19 sobre o setor de alimentos, que gerou um custo adicional de produção de 4,8% em 2020, a indústria de alimentos e bebidas criou 20 mil novas vagas diretas, alta de 1,2% em relação a 2019. O setor é o que mais gera empregos na indústria de transformação do Brasil, com 1,68 milhão de empregos diretos.

“Diante de tantos desafios enfrentados em 2020, a indústria de alimentos conseguiu manter o abastecimento funcionando normalmente e não deixou faltar comida na mesa do brasileiro. Além disso, criamos empregos e exportamos mais produtos industrializados, ou seja, de valor agregado. Assim que a economia mundial voltar ao normal, o Brasil tem tudo para ser, dentro de alguns anos, não mais o celeiro, mas sim o supermercado do mundo” declarou João Dornellas, presidente executivo da ABIA.

Ações realizadas para o enfrentamento da pandemia:

  • Comitê de Monitoramento, criado pela ABIA em conjunto com a ABRAS, a APAS e outras entidades para acompanhar a situação do abastecimento de alimentos no Brasil.
     
  • Apoio à demanda pelo reconhecimento da condição de “essencialidade” de todos os atores envolvidos na cadeia produtiva dos alimentos, incluindo transporte e fornecimento de insumos e produção, atendida pelo Decreto Federal que regulamenta a Lei 13.979.
     
  • Guia de Boas Práticas elaborado e divulgado pela ABIA para as empresas com diretrizes de segurança para a indústria de alimentos e bebidas e seus colaboradores no enfrentamento da Covid-19.
     
  • Adoção de protocolos extras para preservar a saúde dos trabalhadores, o que incluiu o uso de EPIs adicionais, a adoção do home office e a distribuição da produção em mais turnos, além de orientações por meio da comunicação interna e de treinamentos.

DESEMPENHO SETORIAL

  • Vendas Reais

As categorias que mais se destacaram em vendas reais foram açúcares, com aumento de 58,6%; óleos vegetais, 21,2%; e carnes, 13%.

  • Menor desempenho

Em vendas reais, as categorias com as maiores quedas foram bebidas, 8,3%; e derivados de trigo, com 1,9%.

MERCADO INTERNO E INVESTIMENTOS

As vendas do mercado interno - varejo e food service – apresentaram ligeira queda de 0,85% nas vendas reais. O food service (alimentação preparada fora do lar), impactado diretamente pela pandemia, recuou 24,3% em 2020, enquanto o mercado varejista cresceu 16,2%.

Mesmo com os desafios que a pandemia trouxe para todos os setores, a indústria de alimentos manteve o volume de investimento diante de um cenário de crise. Os investimentos das indústrias de alimentos, incluindo fusões e aquisições, expansão de plantas fabris, investimento em P&D, aquisição de máquinas e equipamentos, alcançaram R$ 21,2 bilhões em 2020, o que correspondeu a 2,7% do faturamento total do setor, de R$ 789,2 bilhões. Houve queda de 4,8% nos investimentos em relação ao ano de 2019.

Exportações

A indústria de alimentos e bebidas expandiu em 11,4% as exportações em 2020 em comparação com o ano anterior, totalizando US$ 38,2 bilhões contra US$ 34,2 bilhões em 2019.

Esse resultado representa uma participação de 25% nas vendas totais do setor em 2020. Em 2019, essa representatividade ficou em 19,2%.

Fatores que impactaram nos resultados das exportações:

  • Acentuada desvalorização do câmbio;
  • Forte demanda por importações de alimentos na Ásia, com destaque para a China, que continua se recuperando da Peste Suína Africana e dependendo da importação de proteína animal de outros países, principalmente do Brasil;
  • As exportações de carnes bovina, suína e de aves para a China totalizaram 6,6 bilhões de dólares, alta de 44,5% em relação ao ano de 2019;
  • Aumento nas vendas de açúcar, também para a China, totalizando US$ 1,3 bilhão, registrando alta de 27,3% sobre 2019.

O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo e exporta para 190 países. Os principais mercados em 2020 foram Ásia, Países Árabes e União Europeia, com 45,7%, 16,2% e 13,8% das exportações, respectivamente.

Exportações 2020 – principais destinos

China – US$8,2 bilhões

Hong Kong - US$1,9 bilhão

Holanda - US$1,7 bilhão

“A indústria brasileira de alimentos é forte e resiliente. Enfrentamos grandes dificuldades em 2020 e conseguimos superar todas elas, com organização e planejamento. Empregamos mais no ano passado, mantivemos os investimentos e para 2021 a previsão é continuarmos crescendo e gerando empregos”, destacou Grazielle Parenti, presidente do Conselho Diretor da ABIA.

Perspectivas para 2021

Considerando uma recuperação econômica gradual do país, associada à capacidade de o Brasil vacinar parte significativa da população, de modo a controlar a contaminação de Covid-19, a estimativa da indústria de alimentos é de crescimento acima de 3% das vendas reais em 2021.

Para o Food Service (alimentação preparada fora do lar), que foi um dos setores mais atingidos pela pandemia, a estimativa é fechar o ano com um movimento de recuperação, podendo chegar a 30% de participação nas vendas totais da indústria, próximo ao patamar de 2019. Nesse sentido, 2021 ainda será um ano de transição.

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